A Alegria do Circo

O espetáculo “Alegria do Circo” surgiu da primeira etapa do Projeto Entre Risos e Lágrimas – O Teatro no Circo [da pantomima aos dramas] que é composto por três etapas: Palhaçaria (2010 e 2011), Farsas e Comédias e drama Circense (2012).

Nesta 1° etapa “Palhaçaria” foi unido os palhaços tradicionais e jovens palhaços da formação dos Doutores da Alegria, promovendo um encontro de mestres e discípulos.
         
Neste encontro os esquetes que por décadas foram o material de trabalho de grandes palhaços brasileiros passaram para as mãos de uma nova geração de artistas, resultando neste trabalho que contém sete esquetes clássicos e músicas tradicionais circenses.   

Sinopse

Uma flor com o perfume capaz de encantar as mocinhas, uma prova para descobrir o palhaço mais inteligente, uma caçada, histórias de espanto em frente ao cemitério... Essas são algumas das cenas que compõem o Espetáculo “Alegria do circo”, criado a partir de tradicionais esquetes cômicos de circo, trabalhadas sob o olhar de jovens palhaços.
Nove palhaços em cena, com seus instrumentos, seus trejeitos e suas habilidades transformam qualquer espaço em um verdadeiro picadeiro, dando foco a memória do circo brasileiro e mantendo viva a essência e uma tradição que jamais deve acabar.

Encenação
       
Atentamente o elenco e diretores acompanharam as apresentações dos mestres palhaços, depois em sala de ensaio trabalhamos em conjunto, discutimos suas apresentações e partimos para parte prática e informações preciosas foram trocadas sobre a arte do picadeiro.
Munidos de todas estas informações ensaiamos os esquetes clássicos, o desafio de criar sob um novo olhar, sem perder a essência do que fora passado pelos mestres.
A representação de picadeiro é muito diferente do palco italiano, se aproxima muito do trabalho na rua e pede outro tipo de treinamento, corpo, voz, gesto, raciocínio, músicas, acrobacias, cascatas, claques, cambalhotas e muita folia, tudo isso foi incorporado aos ensaios.
O espetáculo foi pensado para semi-arena do picadeiro o que facilita sua transposição para rua, palco italiano e espaços alternativos, tem uma cenografia simples, uma cortina ao fundo (presa por pedestais) que simboliza a entrada do picadeiro e a música é executado ao vivo pelos palhaços.
O grupo de jovens artistas foi preparado durante três anos em um curso diário dentro dos Doutores da Alegria, aptos a levar com responsabilidade, amor e alegria o legado de grandes palhaços do circo brasileiro.

Projeto que deu origem ao espetáculo

“Entre risos e lágrimas - o teatro no circo (da pantomima aos dramas)”

Uma iniciativa do Centro de Memória do Circo (CMC), do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo, em colaboração com o Arquivo Miroel Silveira (AMS), da Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP), liderada pela coordenadora do CMC, Verônica Tamaoki, e pelo pesquisador do AMS, professor e doutor Walter de Sousa, que defendeu a tese de doutorado "Mixórdia no picadeiro: circo, circo-teatro e circularidade cultural na São Paulo de 1928 a 1968" e realiza pesquisa de pós doutorado com bolsa FAPESP sobre o palhaço Piolin.
O Ciclo de Estudos “Entre risos e lágrimas – o teatro no circo (da pantomima aos dramas)” tem por objetivo criar um banco de dados sobre a dramaturgia teatral circense para o CMC. Ele está previsto para ser desenvolvido em três fases distintas:
Fase I – Palhaçaria – 2010 e 2011
Fase II – Farsas e comédias – 2011
Fase III – Dramas – 2012
Na Fase I – Palhaçaria, o projeto agregou a colaboração do professor e doutor Mário Fernando Bolognesi, responsável pelo registro escrito de alguns clássicos da palhaçaria tradicional do circo, e dos palhaços mestres, pós graduado pela escola permanente dos circos itinerantes de lona: Pepim (Raul Hernando Robayo), Picoli (Benedito Sbano), Picolino (Roger Avanzi), Pururuca (Brasil João Carlos Queirolo) e Xuxu (Franco Alves Almeida). Do outro lado participaram do projeto os alunos do curso de humor da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, e dos Doutores da Alegria, através de artistas recém formados pelo Programa de Formação de Palhaço para Jovens, num total de 20 aprendizes. O projeto dispõe também de 12 vagas para participantes ouvintes.
Num primeiro momento, os palhaços mestres transmitiram seus conhecimentos aos aprendizes. Num segundo, os aprendizes praticaram o que aprenderam sob a orientação de suas respectivas escolas e palhaços mestres. E por fim, no dia 10 de dezembro, Dia do Palhaço, os aprendizes apresentaram uma mostra das cenas cômicas aprendidas na Sala Olido.
Todas as informações obtidas no desenrolar do processo farão parte do banco de dados sobre a dramaturgia teatral circense.
Com o objetivo de pesquisar, criar e construir um banco de dados sobre a dramaturgia teatral circense (das farsas aos dramas, passando pelas cenas cômicas de palhaços) e promover o intercâmbio entre gerações formadas pelos circos itinerantes de lona e pelas escolas de circo e, mais recentemente, de palhaços, o projeto segue com sua bela trajetória.

Sobre os palhaços mestres

Importante ressaltar que o projeto conseguiu reunir alguns dos mais importantes palhaços tradicionais que atuam hoje em São Paulo: Picolino II (Roger Avanzi, um dos mais importantes memorialistas do circo brasileiro e que influenciou diretamente o trabalho de grupos como os Parlapatões, La Mínima e Doutores da Alegria), Picoli (Benedito Sbano – cômico principal de um dos mais importantes clãs circenses do país que é a família Sbano), Pururuca (Brasil João Carlos Queirolo – representante do famoso clã Queirolo, que fez do seu circo uma verdadeira escola de cômicos), Pepin (Raul Hernando Robayo – que atuou em diversos circos tradicionais) e Xuxu (Franco Alves Monteiro – que, entre outros feitos, foi o último parceiro do palhaço Piolin).

Sobre o Arquivo Miroel Silveira e a Pesquisa de Walter de Sousa

Uma das mais importantes fontes escritas sobre a dramaturgia do circo-teatro brasileiro, o Arquivo Miroel Silveira é constituído por processos de censura prévia de peças teatrais enviadas, entre 1928 e 1968, ao Departamento de Diversões Públicas de São Paulo. Para se ter idéia da importância do circo-teatro em São Paulo e da popularidade do palhaço Piolin (Abelardo Pinto Piolin – 1897-1973), basta dizer que dos seis mil processos que constituem o Arquivo Miroel Silveira, 1.080 são provenientes do circo-teatro e 450 de peças encenadas no Circo Piolin.